Secção do Museu de Cerâmica de Sacavém que preserva no local original o forno número 18.
Fundada entre 1856 e 1859 na localidade de Sacavém, à época pertencente a Lisboa e a partir de 1886 ao então recém-criado concelho de Loures, a fábrica manteve durante décadas a mítica referência a 1850 como ano de fundação, tendo a administração celebrado oficialmente o seu centenário em 1950.
Não se conhece, contudo, documentação que consolide a referência de 1850 como data de fundação da empresa, pelo que actualmente se aceita 1856 como o ano em que Manuel Joaquim Afonso (1804-1871) procedeu à efectiva fundação da fábrica, embora João Teodoro Ferreira Pinto Basto (1870-1953), na sua obra A Cerâmica Portuguesa (1935), indique a data de 1859.
Antes de estabelecer esta empresa, Manuel Joaquim Afonso administrara a fábrica de vidros da Marinha Grande, que fora de John Beare (datas desconhecidas) e depois dos irmãos Stephens (Guilherme, 1731-1803, e João Diogo, 1748-1826), e a fábrica de vidros da Rua das Gaivotas, em Lisboa.
A permanência de Manuel Joaquim Afonso na empresa que fundara foi breve, tendo-a vendido entre 1861-1863 a John Stott Howorth (1829-1893; nomeado Barão Howorth de Sacavém em 1885). Logo após a morte deste último proprietário, os seus herdeiros estabeleceram uma parceria empresarial em comandita com James Gilman (1854-1921), antigo funcionário da fábrica.
John Stott Howorth teve descendêndia de três senhoras – Alice Rawstron (1831-1925), mãe de Alice Annie Howorth (nasceu e faleceu em 1859); Henriquete da Conceição Almeida (datas desconhecidas), mãe de João George Howorth (1865-?) e Henrique Almeida Howorth (1868-?); e Maria Margarida Pinto Bastos (1866-1916; registos alternativos referem 1936 como data de falecimento), mãe de John Pinto Stott Howorth (?-1949), Mary Stott Howorth (1890-1977) e Henrique Anthony Stott Howorth (1891-1981).
Embora este assunto esteja longe de ser consensual, algumas fontes referem que foi Maria Margarida Pinto Bastos quem usou o título de Baronesa Howorth de Sacavém, e não Alice Rawstron, o que parece consentâneo quer com as suas datas de maternidade quer com a data em que o título foi conferido a John Stott Howorth.
No entanto, nem ela (entretanto falecida?) nem nenhum dos seus descendentes surgiam como accionistas da FLS entre 1922 e 1946, ao contrário do que acontecia com Alice Rawstron, que, com o apelido Howorth, surgia ainda como accionista da FLS em 1922.

Espaço envolvente do Museu de Cerâmica de Sacavém.
Após a morte de James Gilman, sucedeu-lhe na orientação da fábrica seu filho Raul Gilman (?-1935), em associação com Herbert Gilbert, tendo a fábrica sido administrada até ao seu encerramento por três gerações desta última família, que entretanto se tornara proprietária da FLS – Herbert Gilbert (1878-1962), Leland Gilbert (1907-1979) e Clive Gilbert (n. 1938).
Depois de um período áureo que se desenvolveu até princípios da década de 1970, a fábrica acabou por encerrar, segundo algumas fontes em 1983 (embora se conheçam peças datadas de 1986...), segundo fontes mais fidedignas, como Clive Gilbert e o MCS, em 1989, tendo a falência judicial sido declarada em 1994.
Contudo, segundo os registos do MCS, cerca de meia centena de trabalhadores garantiram o funcionamento da empresa entre 1989 e 1994.
No local onde originalmente se encontrava a fábrica desenvolveu-se uma urbanização que, entre as contrapartidas negociadas pelo município com a empresa construtora, promoveu a preservação de um pequeno espaço da zona fabril, onde se veio a implantar o Museu de Cerâmica de Sacavém (http://www.cm-loures.pt/aa_patrimonioredemuseussacavema.asp), inaugurado em 2000.
Este museu integrou parte dos arquivos da antiga FLS no acervo do Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso (http://www.ipmuseus.pt/pt-PT/rpm/museus_rpm/admin_local/PrintVersionContentDetail.aspx?id=1234) e apresenta algumas centenas de peças da produção da fábrica, promovendo ainda exposições e actividades regulares de divulgação da história, do património e do saber-fazer na cerâmica.
O Museu Nacional do Azulejo (http://mnazulejo.imc-ip.pt/) é também depositário de parte do património cerâmico da Fábrica de Loiça de Sacavém, conservando nas sua reservas exemplares de particular relevância na história dos vidrados, da modelagem e das diversas técnicas da fábrica.
Em 2007 constituiu-se a Associação Amigos da Loiça de Sacavém, que conta entre os seus associados com Clive Gilbert, último administrador e proprietário da fábrica.
Veja mais algumas fotografias do exterior do museu aqui: http://www.trekearth.com/viewphotos.php?l=3&p=1018222 e aqui: http://www.trekearth.com/gallery/Europe/Portugal/South/Lisboa/Sacavem/photo883468.htm.

Uma das entradas do Museu de Cerâmica de Sacavém.
© MAFLS