Figura em biscuit, com cerca de 16,2 cm. de altura, produzida na fábrica Sado Internacional, de Setúbal.
Mais conhecida pela sua produção de serviços de mesa, chá e café, a empresa, cuja denominação completa era Faianças e Porcelanas Sado Internacional, desenvolveu contudo a concepção de algumas estatuetas e peças decorativas, como se comprova por este exemplar.
Esta peça em biscuit remete para uma gramática comum a outras fábricas, portuguesas e europeias, de porcelana, evocando a modelação deste exemplar características muito próximas das de algumas figuras comercializadas pela VA, como as que já aqui se apresentaram: http://mfls.blogs.sapo.pt/142873.html .
Embora seja muito provável que tenha sido constituída na década de 1960, não foi possível apurar a data exacta de fundação da empresa, cuja fábrica se localizava na Quinta de Canes, em Setúbal.
No entanto, sabe-se que em Novembro de 1972 esta solicitou a execução de um furo de captação de água para as suas instalações, tendo em 1973 comercializado um serviço de mesa em faiança, desenhado por Maria Helena Matos (n. 1924) e José Barros Gomes (datas desconhecidas) e, num contexto tradicional aproveitado por muitas outras empresas cerâmicas, promovido a venda de um prato de Natal.
Após a revolução de 25 de Abril de 1974, a fábrica passou por um período de grande instabilidade administrativa e financeira, sendo alvo de uma medida legislativa especial, em 1980, que visava "acelerar o processo das indemnizações e (...) assegurar o efectivo exercício do direito de mobilização dos títulos representativos das obrigações emitidas para pagamento das indemnizações (cautelas), designadamente por troca com participações do Estado ou sector empresarial do Estado no capital de sociedades privadas".
Assim, através da Resolução 344/80, de 10 de Setembro, a Sado Internacional passou a integrar "uma lista de [104] empresas cuja participação do sector público no respectivo capital social pode ser objecto de troca com as cautelas atribuídas aos indemnizados em pagamento das nacionalizações ou expropriações de bens ou direitos".
No final daquela década as dívidas da SI à segurança social ascendiam a dois milhões e duzentos mil contos, situação insustentável que acabou por levar ao seu encerramento no ano de 1990.
A marca aqui apresentada é uma das duas conhecidas, sendo a outra, a primordial, constituída pelas iniciais SI inseridas numa oval, sobrepujada por três torres, que está rodeada na base por uma coroa de louros e se encontra ainda ladeada por dois cavalos-marinhos.
© MAFLS