Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Setembro 01 2017

 

Malga decorada a stencil (chapa recortada) sob o vidrado com motivos e combinações cromáticas características da arte islâmica. Correspondendo ao formato Liso, ostenta no tardoz a marca do importador marroquino, S. J. Benchaya, Casablanca.

 

Tendo cerca de 21 cm. de diâmetro, 5,3 cm. de altura e uma capacidade para 9 decilitros, o formato desta malga surge referenciado nas tabelas da FLS de 1932 e de 1949.

 

Entrando hoje no seu nono ano de publicação, o espaço MAFLS continuará a divulgar, semanalmente, peças de cerâmica portuguesa e eventos relacionados com a mesma.

 

A exemplo dos últimos três anos, essa apresentação centrar-se-á, predominantemente, na produção de outras fábricas e oficinas, em detrimento daquela que foi desenvolvida pela Fábrica de Loiça de Sacavém.

 

Mensalmente, contudo, serão ainda reproduzidas peças desta fábrica fundada, de acordo com a documentação actualmente conhecida, há cento e sessenta e um anos.

 

 

© MAFLS

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Novembro 25 2010

 

Manteigueira formato Liso, com decoração floral decalcografada, e filetagem a esmalte azul, sobre o vidrado.

 

O formato Liso surge já referenciado na tabela de Janeiro de 1932, apresentando a capacidade de 5 (1.º lote), 4 (2.º lote) e 3 (3.º lote) decilitros. Os preços indicados são, respectivamente, 4$40, para Branco, 5$85, para Colorido s/ ouro, e 8$80, para Colorido c/ ouro; 2$95, 3$90, e 4$90; 2$45, 2$95 e 3$90.

 

Na tabela de Setembro de 1949 os preços deste formato surgem, respectivamente, a 13$00, para Branco, 14$50, para Colorido s/ ouro Classe A, 16$50, para Colorido s/ ouro Classe B, e 20$00, para Colorido c/ ouro, Classe C; 9$00, 10$50, 12$50, e 16$50; 8$00, 9$00, 10$00 e 12$00. Este formato surge ainda reproduzido no Catálogo de Formatos de Loiças Domésticas, de Maio de 1950.

 

O exemplar aqui apresentado tem a capacidade de três decilitros, sendo, portanto, do 3.º lote .

 

Esta decalcomania foi também aplicada em pratos e canecas, como se pode observar no catálogo da exposição Porta Aberta às Memórias, volume I (2008).

 

 

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Novembro 11 2010

 

Açucareiro sem tampa, formato Coimbra, com decoração a esmalte azul e ouro sobre o vidrado.

 

O formato Coimbra ainda não surgia na tabela de 1932, surgindo na de 1938 com peças para serviços téte-a-téte [sic], em pasta azul, verde ou marfim, e serviços de jantar, em pasta azul ou verde.

 

O açucareiro, com capacidade de 1 decilitro e meio, surgia apenas no serviço tête-a-tête ao preço de1$20 para a classe I (sem decoração), 1$50 para a classe II (decoração sem ouro), 1$80 para a classe III (decoração com ouro),  2$20 para a classe IV (decoração fantasia) e 2$60 para a classse V (decoração extra), em qualquer uma das pastas.

 

Na tabela de 1949 os preços indicados eram os seguintes – 2$50 para as peças em branco, 3$00 para as peças da classe A (colorido s/ ouro), 3$50 para as peças da classe B (colorido s/ ouro) e 4$50 para as peças da classe C (colorido c/ ouro). Uma vez que a decoração da peça reproduzida é feita a ouro, esta incluir-se-ia na classe III de 1938 e na classe C de 1949.

 

Para uma chávena e pires formato Avenida com a mesma decoração, ver http://mfls.blogs.sapo.pt/48159.html. Para uma manteigueira formato Avenida com a mesma decoração, mas complemento em platina, ver http://mfls.blogs.sapo.pt/5167.html. Para uma chávena e pires formato Estoril com decoração semelhante, ver http://mfls.blogs.sapo.pt/27114.html. Para exemplares deste formato com outras decorações ver http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/formato+coimbra.

 

 

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Outubro 20 2010

 

Malga formato Liso, decorada a stencil (chapa recortada) sob o vidrado com marca do importador marroquino, S. J. Benchaya, Casablanca.

 

Os termos malga e tigela são algumas vezes usados indistintamente em Portugal, embora o catálogo de formatos da FLS, de Maio de 1950, documente bem a diferença que, na produção da fábrica, existe entre os dois recipientes. A tigela é um recipiente com fundo interior côncavo. A malga é sempre mais larga que alta, apresentando geralmente o fundo liso.

Assim, as tabelas de 1932 e 1949 referem que as malgas têm uma capacidade que varia entre os 2 e 30 decilitros, enquanto a das tigelas varia entre os 1 e 12 decilitros. A primeira tabela refere três variantes de formato para as malgas – Espanhol (cazoletas), Liso, e Relevo.

 

Na tabela de 1949 já não está referenciado o formato Relevo, surgindo o termo cazoletas grafado cazoletos na tabela de 1949 e gazoletos no catálogo de 1950.

 

Esta malga mede cerca de 22 cm. de diâmetro e tem uma capacidade de 11 decilitros, pelo que corresponde ao 4.º formato da tabela de 1932, onde surge ao preço de 2$45 para Colorido, e de 1949, onde surge ao preço de 6$00, para Branco, 7$00, para Colorido s/ ouro Classe A, 8$00, para Colorido s/ ouro Classe B, e 10$00, para Colorido s/ ouro Classe C.

 

 

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Setembro 12 2010

 

Leiteira formato Porto estampada a verde, sob o vidrado, com retoques a ouro, sobre o vidrado.

 

De acordo com a tabela de Setembro de 1949, este formato tem a capacidade de 4 decilitros. Ainda segundo a mesma tabela, produzia-se em branco e nas classes A (colorido sem ouro), B (colorido sem ouro) e C (colorido com ouro), com os seguintes preços – 7$00, 8$00, 9$00 e 11$00. A diferença de custo entre as classes A e B dever-se-ia, muito provavelmente, a uma maior ou menor intervenção manual na decoração.

 

Na tabela de 1938 este modelo apresentava-se apenas em duas classes – I (colorido sem ouro), a 4$90, e II (colorido com ouro), a 6$15. Uma nota de Fevereiro de 1945 dactilografada na capa do exemplar desta tabela que se encontra no CDMJA refere o seguinte:

 

" IMPORTANTE = Os preços constantes / de todas estas tabelas, estão sujeitos / aos seguintes aumentos: / NAS LOIÇAS SEM OURO = 10% +20 +10+10+10% / NAS LOIÇAS COM OURO= 10 +10% +20+10+10+10% / 7/2/45 "

 

Embora os açucareiros e bules deste formato se encontrem referidos na tabela de 1932, tal não acontece com as leiteiras.

 

 

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Dezembro 18 2009

 

Açucareiro sem tampa, formato Coimbra, com a decoração número 733 a esmalte sobre o vidrado.

 

Note-se, uma vez mais, o problema decorrente desta técnica decorativa, a perda gradual de esmalte, e o claro gosto pela decoração floral Art Déco inspirada na obra de Clarice Cliff (1899-1972).

 

O formato Coimbra ainda não surgia na tabela de 1932, surgindo na de 1938 com peças para serviços téte-a-téte [sic], em pasta azul, verde ou marfim, e serviços de jantar, em pasta azul ou verde. O açucareiro, com capacidade de 1 decilitro e meio, surgia apenas no serviço tête-a-tête ao preço de1$20 para a classe I (sem decoração), 1$50 para a classe II (decoração sem ouro), 1$80 para a classe III (decoração com ouro),  2$20 para a classe IV (decoração fantasia) e 2$60 para a classse V (decoração extra), em qualquer uma das pastas.

 

Na tabela de 1949 os preços indicados eram os seguintes – 2$50 para as peças em branco, 3$00 para as peças da classe A (colorido s/ ouro), 3$50 para as peças da classe B (colorido s/ ouro) e 4$50 para as peças da classe C (colorido c/ ouro).

 

Uma vez que a decoração da peça reproduzida é manual, esta incluir-se-ia na classe IV de 1938 e na classe B de 1949. No entanto, este açucareiro apenas terá sido produzido a partir de 1946, ano em que a produção do formato Avenida, de que este motivo era exclusivo, foi descontinuada.

 

Esta peça foi exibida na exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada em 2005 nos E.U.A.

 

 

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Setembro 19 2009

 

Chávena de café e pires, formato Aldeia, com decoração manual a esmalte, sobre o vidrado.

 

O formato Aldeia encontra-se registado nas tabelas de preços de Janeiro de 1932, de 1938 e de Setembro de1949, surgindo ainda no catálogo de formatos de loiças domésticas de Maio de 1950.

 

A decoração ilustrada, embora prossiga alguma tradição das loiças populares portuguesas, aproxima-se claramente da influência exercida pelas decorações florais desenvolvidas e celebrizadas pelas notáveis ceramistas inglesas Clarice Cliff (1899-1972) e Susie Cooper (1902-1995), a partir de finais da década de 1920.

 

A própria técnica decorativa segue o exemplo daquelas produções cerâmicas, ao apresentar o esmalte pintado sobre o vidrado. Técnica que a FLS utilizou na loiça de mesa particularmente durante as décadas de 1930, 1940 e 1950, mas que veio a abandonar pelo inconveniente da mesma – com o uso frequente e com as lavagens, a decoração, aplicada sobre o vidrado de uma pasta de faiança que não tinha a estabilidade da pasta de porcelana (cf. craquelé em http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/121841.html), acabava por estalar e por se desintegrar gradualmente.

 

 

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Setembro 16 2009

 

Manteigueira com tampa, de um serviço de chá formato Avenida, em pasta marfim decorada a azul e platina.

 

O formato Avenida constituiu um dos paradigmas máximos da estética Art Déco na produção de serviços de mesa da FLS. Correspondendo ao famoso formato Eve, desenvolvido no início da década de 1930 na fábrica inglesa Shelley, surge na tabela da FLS para 1938 mas já não consta da tabela para 1949.

 

Entre outras razões, é possível que este abandono da produção do formato esteja relacionado com questões ergonómicas das asas e com questões de equilíbrio das chávenas, as quais tendem a não manter o eixo horizontal quando se encontram cheias e estão apenas seguras pela asa entre o indicador e o polegar.

 

Na tabela de 1938, esta manteigueira, com a capacidade de 4 decilitros, vem indicada como sendo produzida nas pastas marfim, azul, ou verde e nas cinco classes existentes – I, Sem decoração; II, Decoração sem ouro; III, Decoração com ouro; IV, Decoração fantasia; V, Decoração extra.

 

Os preços aí indicados são os seguintes – Pasta Azul ou Verde: 12$75 para a classe I; 13$70, para a classe II; 15$20 para a classe III e 18$70 pra a classe IV, não se produzindo na classe V. Pasta Marfim: 11$00 para a classe I; 12$75 para a classe II; 13$10 para a classe III; 15$20 para a classe IV e 18$70 para a classe V.

 

O serviço completo, com 19 peças, constava de um bule, um açucareiro, uma leiteira, uma manteigueira, uma tigela de lavar, dois pratos de fatias e doze chávenas e pires. O conjunto vendia-se a 160$00 para a classe IV em pasta azul ou verde, o mesmo que custava o conjunto da classe V em pasta marfim.

 

 

 

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Setembro 13 2009

 

Cinzeiro formato Sport produzido para ofertas da FLS. A imagem que ilustra o cinzeiro, com o perfil das instalações fabris e dos fornos, aparece como vinheta em todas as páginas da Tabela de Preços de Serviços para Jantar, Chá, Café e Pequeno Almoço de 1938 e na capa da Tabela de Preços de Loiças Domésticas de Setembro de 1949.

 

Estes cinzeiros aparecem na tabela de preços de Loiças Decorativas em Faiança de Novembro de 1945 com os seguintes preços – colorido s/ ouro, 10$50; colorido c/ ouro, 12$50.

 

Na tabela de Maio de 1951 estes preços já tinham baixado mais de 20% e os cinzeiros com cores mates, ou coloridos sem ouro, surgem a 8$00 e os coloridos com ouro a 9$50.

 

Estes cinzeiros surgem ainda na tabela de Maio de 1960 com os mesmos preços para os modelos anteriores – Branco colorido s/ ouro, 8$00; Vidros cores s/ dec., Branco col. c/ ouro, Pint. mod. s/ ouro, 9$50; Pintura Quinta s/ ouro, 15$00; Vidros de cores colorido c/ ouro, 15$50; Azul Sèvres com ouro, 30$00.

 

O formato Sport corresponde ao número 136 das tabelas de preços, número que também surge em relevo na base das peças.

 

 

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Setembro 07 2009

 

Peças de um serviço de chá formato "Coimbra", com vidrado mate denominado Porto, formato que já se encontra registado na tabela de preços de 1938 para os serviços de jantar, com a indicação de fabrico nas pastas cerâmicas azul, marfim ou verde. Não surge mencionado, contudo, nos serviços de café ou chá.

 

Na tabela de preços de Setembro de 1949, o bule, que apenas se fabricava no tamanho de 4,5 decilitros, surge com os seguintes preços – 11$50 (branco), 13$00 (A), 14$50 (B) e 18$00 (C), sendo os preços da leiteira, com a capacidade de 1 decilitro – 7$00, 8$00, 9$00 e 11$00. Nas peças reproduzidas, o tradicional logótipo Gilman & Cta. (Gilman & Comandita) encontra-se acompanhado ora pela legenda "Portugal" ora pela legenda "Made in Portugal".

 

Neste serviço Art Déco o aspecto particularmente curioso é a presença do formato tradicional do bico do bule, que já surgia no século XIX e noutros modelos anteriores da FLS, como o formato "Porto", contrastando com a modernidade do restante design das peças.

 

  

 

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