Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Janeiro 05 2019

 

Pequena jarra, com cerca de 14,6 cm. de altura, produzida em 1927 na fábrica inglesa Ruskin Pottery.

 

Fundada em 1898 por Edward Richard Taylor (1838-1911), esta empresa homenageou na sua designação a memória e os princípios artísticos de John Ruskin (1819-1900), de quem E. R. Taylor, ele próprio um influente membro do movimento Arts & Crafts, era contemporâneo e admirador.

 

Após a morte de E. R. Taylor, a fábrica foi administrada com o mesmo entusiasmo e zelo por seu filho, William Howson Taylor (1876-1935), mas acabou por encerrar com a morte deste último.

 

O presente exemplar tardio da produção supervisionada por W. H. Taylor mantém as características implementadas por seu pai na Ruskin Pottery, particularmente no que diz respeito à pesquisa e aplicação de vidrados inovadores, ao gosto pelo efeito do vidrado microcristalino e à sobreposição de diversas camadas de vidrado escorrido.

 

Embora não se aproxime da radical desconstrução de formas que o americano George Edgar Ohr (1857-1918), o auto-proclamado "Mad Potter of Biloxi", ensaiou nas suas criações, a torção deste exemplar remete para outras peças cerâmicas europeias que também romperam com a acabada perfeição dos formatos de torno ou de moldes, tal como aconteceu, por exemplo, em alguma da produção de Sarreguemines. 

 

A esta opção técnica e estética não será estranha, certamente, a produção Arts & Crafts de alguns vidros Clutha, concebidos por Christopher Dresser (1834-1904) para a empresa escocesa James Couper & Sons, bem como alguma da cerâmica que o mesmo concebeu para a Ault Pottery (1887-1922) e a Linthorpe Art Pottery (1879-1889).

 

Veja-se outra peça da Ruskin Pottery aqui: https://mfls.blogs.sapo.pt/162460.html.

 

 

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Janeiro 04 2019

 

Jarra em faiança, com cerca de 19,3 x 14,7 x 9 cm., da fábrica dinamarquesa Royal Copenhagen.

 

Decorada e concebida pelo conceituado designer Nils Thorsson (1898-1975), esta peça integra a série Baca e ilustra uma das inúmeras e inovadoras peças modernistas que a Royal Copenhagen comercializou nas décadas de 1960 e 1970.

 

Na marca, o traço sob a letra "G" indica que esta peça foi produzida entre 1969 e 1973.

 

 

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Janeiro 03 2019

 

Pequena jarra da fábrica norte-americana Roseville, activa entre1890 e 1954, apresentando o motivo Zephyr Lily, criado em 1946.

 

Este motivo foi aplicado em 52 formatos com três diferentes cores de fundo - azul, castanho-ocre e verde. Os  números que surgem em relevo na base das peças identificam o modelo e as suas dimensões. Assim, neste caso, o número 130 corresponde ao formato e o número 6'' à sua altura, 6 polegadas (cerca de 15 cm.)

 

 

Jarra ostentando o motivo Apple Blossom, que ocorre sobre peças apresentando fundos azuis, cor-de-rosa e verdes, criado em 1948-1949. 

 

Ao contrário do que é habitual na maioria das peças da fábrica, este exemplar não apresenta qualquer numeração em relevo ou identificação na base. É verdade que, apesar de muita da produção da Roseville deste período não atingir valores demasiado altos, o mercado norte-americano de antiguidades está inundado de réplicas ou falsificações recentes dos seus modelos.

 

Contudo, a numeração patente neste exemplar, que até indica a sua altura - 8 polegadas (cerca de 20 cm.), não é invulgar nalguma produção da Roseville, pelo que, atendendo também ao craquelé do vidrado, ao seu escorrido e à consistente qualidade da pintura, não será provável que estejamos perante uma réplica.

 

Veja-se um pequeno artigo com algumas notas sobre a fábrica, e outras peças da sua produção, aqui: https://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/84598.html.

 

 

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Janeiro 02 2019

 

Grande jarra da fábrica francesa de Pierrefonds ou, mais propriamente, como já foi referido, da Faïencerie Héraldique, de Pierrefonds, correspondendo ao formato 490.

 

As suas asas angulares remetem para a memória de algumas opções do movimento Arts & Crafts, em que se combinavam as peças cerâmicas, ou de vidro, com diversas intervenções e complementos em metal.

 

Embora a designação oficial da fábrica incluísse a especificação faïencerie, a sua produção cerâmica mais notável foi desenvolvida não em faiança mas em grés, tal como acontece com as duas peças agora apresentadas.

 

 

Pequena jarra, correspondendo ao formato 613 e com cerca de 8,6 cm. de altura, da mesma fábrica.

 

A opção pela tonalidade cor-de-rosa remete para o prestígio do rosa Pompadour, um rosa criado em honra de Madame de Pompadour (Jeanne-Antoinette Poisson, Marquesa de Pompadour, 1721-1764), que outras fábricas, como a Sarreguemines (https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/sarreguemines), também aplicaram de forma revivalista no final do século XIX e princípios do século XX.

 

Vejam-se outras peças da Faïencerie Héraldique aqui: https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/pierrefonds.

 

 

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Janeiro 01 2019

 

Pequena jarra, com cerca de 14,8 cm. de altura, decorada com motivos vegetais em relevo e produzida em Montières, Amiens.

 

Como é evidente, este acabamento com iridiscências metálicas, desenvolvido por Jean Barol (1873-1966), remete claramente para as técnicas de revestimento cerâmico que haviam sido anteriormente exploradas por Clément Massier (1845-1917) e sua família (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/cl%C3%A9ment+massier).

 

Na senda dos Massier, como já foi referido, veio também o trabalho de Jacques Sicard (1865-1923), cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/213887.html, bem como o de Jean-Baptiste Gaziello (1871-1957), cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/jean+gaziello., não se devendo ignorar ainda a excelente produção húngara da Zsolnay.

 

Jean Barol, que havia sido discípulo de Clément Massier, assumiu o cargo de director artístico da fábrica Montières, fundada em 1915, durante os anos de 1917 a 1920.

 

As bagas silvestres foram um motivo comum na cerâmica europeia (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/276534.html) e americana do período Art Nouveau, que ocorre ainda, embora de forma menos prolixa, no subsequente período Art Déco, mas aqui encontramo-nos perante a florescência da hera, motivo que remete directamente para a heráldica da municipalidade de Amiens.

 

 

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Dezembro 31 2018

 

Grande jarra, com cerca de 40,8 cm. de altura, em faiança da fábrica francesa Longwy.

 

Como se observa, o motivo, apesar de não ostentar em fundo a preponderância das mais comuns tonalidades azuis, características de Iznik, apresenta clara influência islâmica.

 

Este é um aspecto particularmente interessante, pois, apesar de este ser um exemplar datável da década de 1930, o motivo 5670 da Longwy é posterior à maioria das decorações Art Déco da fábrica.

 

Note-se ainda a profusão de decoração dourada neste exemplar, uma característica de Longwy que Raymond-Henri Chevallier (1890-1959), seu director artístico desde meados da década de 1920, haveria de levar consigo e implementar posteriormente na fábrica belga Boch Frères / Keramis, da qual veio também a ser director artístico, a partir de 1937.

 

A propósito do percurso profissional de Chevallier, e das influências que terá levado consigo para outras fábricas, veja-se o artigo referente à fábrica Cérabelga: https://mfls.blogs.sapo.pt/the-twelve-days-of-christmas-i-338494.

 

Vejam-se outras peças das Faïenceries de Longwy em colecções portuguesas, com decorações e formatos predominantemente Art Déco, aqui: https://mfls.blogs.sapo.pt/277634.html, e, em maior número, também aqui: http://modernaumaoutranemtanto.blogspot.pt/search/label/Longwy.

 

 

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Dezembro 30 2018

 

Embora a fábrica Denbac tenha produzido notáveis esculturas de animais, como a da majestosa, hierática e serena figura de antílope que ontem se apresentou, a verdade é que a sua imagem de marca está associada a um consistente conjunto de excepcionais jarras modeladas dentro do estilo Art Nouveau e do estilo Art Déco.

 

Ao contrário da sua congénere de Vierzon, a Odyv, fundada na década de 1920 e que atingiu a sua maior projecção com as peças criadas ao gosto Art Déco, a Denbac comercializou notáveis exemplares de fauna, jarras e outras peças utilitárias, dentro da gramática Art Déco, mas também, devido à sua anterior fundação, notáveis exemplares ao gosto Art Nouveau.

 

 

Talvez esta jarra da Denbac, correspondente ao formato 156 e com cerca de 22,2 cm. de altura, seja um dos seus modelos Art Nouveau mais inovadores e surpreendentes.

 

Para outras peças desta fábrica francesa, e ligação a um catálogo da sua produção, vejam-se os artigos anteriormente publicados: https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/denbac.

 

 

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Dezembro 29 2018

 

Figura em grés da fábrica francesa Denbac, com cerca de 22,4 x 32,6 x 11 cm., representando um antílope.

 

Seguindo uma tendência Art Déco comum a várias empresas cerâmicas internacionais, onde também se incluía a sua congénere de Vierzon, a Odyv, a Denbac produziu, durante este período, um conjunto de cerca de três dezenas de peças dedicadas à fauna.

 

Este número representa o dobro das peças criadas durante o período Art Nouveau, as quais, geralmente, mostravam a fauna – caracóis, gatos, escaravelhos, libélulas, peixes, ratos, não como motivo central e exclusivo das peças – alfineteiras, caixas, jarras, e outras, mas como complementos da sua forma.

 

Obviamente, a produção de tais peças no período Art Déco, representando animais de outros continentes que não o europeu, como este, está intimamente relacionada com as exposições coloniais que, vindo de uma tradição implementada em diversos continentes desde a segunda metade do século XIX, tiveram um novo fôlego, durante as décadas de 1920 e 1930, em países europeus como a Bélgica, a França, a Itália, os Países Baixos, ou o Reino Unido.

 

Em Portugal, como se sabe, também decorreu em 1934, pouco depois da promulgação do Acto Colonial (1930) e da Constituição (1933) do Estado Novo, nos jardins e no Palácio de Cristal do Porto, uma Exposição Colonial.

 

 

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Dezembro 28 2018

 

Pequena jarra, com cerca de 11 cm. de altura, em porcelana da fábrica dinamarquesa Bing & Grøndahl.

 

Fundada em 1853, a B&G juntou-se em 1987 à vetusta Den Kongelige Porcelaensfabrik (entretanto, mais conhecida fora da Dinamarca  pela sua designação inglesa, Royal Porcelain Factory), que havia sido fundada em 1775, dando origem à actual Royal Copenhagen (https://www.royalcopenhagen.com/home).

 

Note-se como as suaves tonalidades pastel patentes nesta decoração, características quer da B&G quer da Royal Porcelain Factory, foram entretanto adoptadas pela fábrica espanhola Lladró, fundada em 1953.

 

 

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Dezembro 27 2018

 

Jarra em faiança da fábrica inglesa Beswick.

 

No período pós-guerra, o modernismo desenvolvido pelos países escandinavos nas mais diversas áreas das artes decorativas, ao longo das décadas de 1920 e 1930, passou a assumir formas mais arrojadas e inovadoras em diversos países europeus, mesmo naqueles que demonstravam certa resistência à inovação nas formas.

 

Em Inglaterra, apesar de as cerâmicas de Keith Murray (1892-1981), Susie Cooper (1902-1995) e Clarice Cliff (1899-1972) exemplificarem características modernistas, particularmente quanto ao valor escultórico e despojado da forma, no caso do primeiro, e quanto à exuberância da decoração no caso das ceramistas, foi preciso aguardar pelo pós-guerra para que surgissem peças, como a jarra Beswick reproduzida, onde se combinassem essas duas componentes e onde o aspecto escultórico e decorativo se sobrepusesse à função do objecto.

 

Esta atitude decorreu certamente do contexto artístico onde se vinham a tornar influentes as obras do escultor Henry Moore (1898-1986) e do pintor Hans Arp (1886-1966), traduzindo muito daquilo que se chamava aproximação biomórfica à arte.

 

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