Prato fundo (de sopa) com decoração floral estampada sobre o vidrado.
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Prato fundo (de sopa) com decoração floral estampada sobre o vidrado.
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Terrina sem tampa decorada com decalcografia (motivo 2061?) e filete dourado, sobre o vidrado.
Este modelo não se encontra reproduzido no Catálogo de Formatos de Loiças Domésticas, de Maio de 1950, pelo que, certamente, é um modelo posterior a esta data.
Veja-se uma molheira com o mesmo formato, mas decoração distinta (motivo 1811), em: http://mfls.blogs.sapo.pt/48506.html.
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Terrina formato Leiria decorada com decalcografia e filete a esmalte, sobre o vidrado.
Este modelo não se encontra reproduzido no Catálogo de Formatos de Loiças Domésticas, de Maio de 1950, pelo que, provavelmente, é um modelo posterior a esta data.
Na já citada obra
A Cerâmica Portuguesa (1935), pronunciou-se assim um dos responsáveis da VA, João Teodoro Ferreira Pinto Basto (1870-1953), sobre o processo de decalcografia em Portugal e as decalcomanias:
"Para tornar possivel e facilitar a exportação, ha necessidade de baixar os direitos das tintas vitrificaveis, e das decalcomanias, que servem para ornamentar a louça. São direitos que pouco rendem ao Estado e que encarecem muito os produtos a exportar, mesmo os que se destinam ás colonias.
Não sendo pratico dar qualquer compensação de drawback á industria, devem as alfandegas prescindir dessa receita, para elas insignificante. Acresce que indubitavelmente se trata de materias primas da industria, sobre as quais não devem pesar direitos fortes.
As decalcomanias poderiam talvez ser impressas em Portugal, e não se deve pôr de parte essa ideia, mandando vir um gravador especializado para criar essa industria no País, onde, pelo concurso dos seus artistas, poderiam essas gravuras tomar vantajosamente uma feição artistica caracteristicamente nacional.
A uma fabrica só, não convem porém criar subsidiariamente essa industria.
O publico é exigente quanto á variedade de desenhos, e uma fabrica por si não teria capacidade para consumo de grandes series de cada desenho, como só vale a pena a sua impressão.
Assim, hoje, cada fabrica tem de adquirir decalques de todos os gostos, e em todas as fabricas estrangeiras.
Reputamos essa importação ainda em cerca de 800 contos anualmente.
Quanto ás tintas preparadas, outra materia prima da ceramica, não julgo a sua industria comercialmente adaptavel no País, conquanto o seu consumo aumente com a pintura á pistola, aplicação que em parte substitui o emprego de decalques.
O consumo nacional de tintas, nunca poderia compensar o capital a empregar em tão dispendiosa industria."
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Travessa formato Paris com o motivo Beira estampado a verde, sob o vidrado, e filetagem e decoração complementar, a dourado, sobre o vidrado.
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Saleiro com o motivo Beira estampado a verde, sob o vidrado, e filetagem e decoração, a dourado, sobre o vidrado.
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Prato coberto e travessa, formato Paris, estampados com o motivo Beira, sob o vidrado, apresentando filetagem e decoração complementar a ouro, sobre o vidrado.
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Prato de sobremesa estampado com o motivo Beira, sob o vidrado, e complemento dourado, sobre o vidrado.
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Pires de chá estampado a castanho escuro, produzido entre as décadas de 1860 e 1880.
Embora o motivo comercializado pela FLS sob o registo "Estátua" seja considerado o paradigma da decoração conhecida como "Cavalinho", qualquer desenho com estátua equestre é habitualmente englobado nessa designação popular. Decorações equestres semelhantes a esta poderão também ter sido englobadas nessa classificação genérica.
Mais uma vez, não se conhece esta estampa entre as centenas desenvolvidas ao longo do século XIX em Inglaterra, embora a cercadura e o tratamento do motivo central, e do cavaleiro, indiciem tratar-se de uma gravura de produção inglesa.
Não se conhecendo documentos que consubstanciem a tradicional cronologia estabelecida para as marcas da fábrica no século XIX, a inclusão de uma coroa levanta a questão de se confirmar se, de facto, terá sido esta a segunda marca utilizada na FLS e não aquela que se reproduziu anteriormente:http://mfls.blogs.sapo.pt/9037.html.
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A técnica de estampagem cerâmica surgiu em finais do século XVIII e tornou-se na decoração mais comum na maioria das fábricas europeias de faiança a partir do início do século seguinte, pois proporcionava um método decorativo muito mais rápido e muito menos oneroso que o manual.
A colocação no biscoito de uma estampa em papel cuja imagem se transferia para a pasta cerâmica através de um processo químico deu origem a uma decoração que ainda hoje, duzentos anos depois da sua introdução, é popular. Esta loiça estampada (designada em inglês por transferware) surgiu de início em azul, cor que ainda hoje se associa a esta técnica, mas em breve passou a ter produção noutras cores, como o rosa e o verde, que evocavam a família rosa e verde das porcelanas orientais, mas também em castanho e preto.
Em Portugal as decorações mais populares desta técnica, decorações comuns a várias fábricas portuguesas e europeias, correspondem aos motivos "Cavalinho", designação generalizada entre o público para qualquer decoração que inclua uma estátua equestre e correspondente ao motivo "Estátua" da FLS, e "Chorão" (Willow, em Inglês; cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/23504.html), constituindo imagens que permaneceram no imaginário de diversas gerações desde o século XIX.
O motivo marinho aplicado neste vaso ilustra um dos problemas associados a esta decoração, devido à rapidez com que esta técnica era muitas vezes aplicada – o deslize de cor para áreas que deveriam ficar sem qualquer cor ou decoração, criando assim manchas que evidenciam uma menor preocupação de qualidade devido ao baixo custo de produção associado a estas peças.
Um outro problema associado a esta técnica era o escorrer, já no processo de cozedura, do excesso de tinta que poderia ter sido aplicada no papel. Este escorrimento, que desde início se verificou logo nas peças decoradas a azul e deu origem à expressão inglesa flow blue, provocava um empastamento das decorações mas acabou por se tornar também uma imagem de marca deste processo decorativo.
Hoje em dia, particularmente em Inglaterra, existem diversos coleccionadores de faiança que dedicam especial atenção a esta área de coleccionismo, demonstrando certa preferência por exemplares onde o flow blue está patente.
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